Hoje escrevo-te
Daqui do cimo do meu refúgio,
Do fundo da minha solidão pesada…
Escrevo-te como se chorasse…
As palavras saem-me dos dedos
Uma a uma…lentamente…paridas…sentidas…
Chegam até ao regaço negras,
Pesadas, doridas…
E aí desaparecem mais lentamente ainda.
Mas escrevo-te hoje, como em todos os meus dias…
Escrevo-te mas é pra mim que escrevo…
Não faço parte das tuas leituras!
Mas escrevo-te
Com tal convicção,
Como se escrevendo pudesse mudar o rumo das coisas!
Como se as minhas letras te acariciassem a fase!
Como se as minhas vírgulas te cortassem a roupa,
Como se os meus pontos te beijassem,
E como se nas minhas reticências… te amasse
Sempre pela primeira vez!
Escrevo-te porque isso é essa minha obsessão!
E não tu!
Vladimir Clearside (alter-ego)