Entre as passas de um cigarro

Thursday, February 23, 2006

Hoje não tenho voz

Levaste-a fechada
No teu silêncio
Fechado.


Vladimir Clearside (alter-ego)


Imagem : Loretta Lux

Monday, February 20, 2006

Aprendizagem


Não, não preciso saber quem és…
Diz-me apenas com quem aprendeste.

Assiram L.


Foto: Julie Blackmon

Friday, February 10, 2006

O sentido do fumo.


Raramente escrevo aqui… Este local criei-o para palavras “mais” minhas.
Coisas que temo sejam lidas em grande escala.
Coisas que me deixam mais nua, mais despida.
No fundo coisas mais minhas.
Normalmente para que não morra estático vou postando aqui algumas palavras de outros, algumas imagens de outros…
Mas, escolho-as com muito cuidado! Quero que também elas me sejam intimas, não porque sejam minhas, mas porque me são tão queridas, tão significativas, que as convido para a minha intimidade.


Hoje reparei que faz muito tempo que não escrevo aqui…se é que cheguei a escrever. E não é que não escreva coisas que vão ao encontro do fim para que criei este espaço… mas é facto que não as tenho colocado aqui.
Não sei ao certo o porque, julgo que tenho bastante receio do que se possa dizer do que escrevo, ou de algumas das coisas que escrevo.
È que essas coisas chegam a ser o mais intimo de mim, o mais pessoal, o mais sagrado. São o que ninguém deve tocar, o mais puro de mim.
Vou tentar ganhar essa coragem para as colocar aqui a nu… ganhar coragem para enfrentar o mundo assim desprotegidas.
Tem o percurso incerto do fumo do meu cigarro... basta uma brisa leve para as mudar.
Não, as soprem...
Foto: Cristye

Tuesday, February 07, 2006

Canção


Foto: autor-desconhecido

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles


 

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